sexta-feira, 28 de março de 2008

Conversa com o Girassol


Como disse, esse blog é despretensioso. E por isso faço entrevistas despretenciosas com mulheres que admiro. Mulheres cheias de alma, força, mas 
também divertidas, belas.
A primeira delas é essa daqui: Raiça.
Então, Raiça Bomfim é uma figura adorável. Quem conhece sabe, que não conhece pode conferir um pouco no seu blog, igualmente adorável (raibomfim.blogspot.com). Adorável por sua sensibilidade, bom humor, simpatia. Uma mulher que gosta de girassóis, enveredou pelo caminho do teatro e tem uma voz em franca ascenção.  Como todas as outras, caminha em busca de se conhecer e se entender nesse mundo estranho, 
mas também bonito.


Eu - Por que você gosta tanto de girassóis?

Ela - Primeiro eu gostava de dormir ouvindo a música "Girassol" de Alceu. Depois, quando fui fazer capoeira, o mestre me batizou de girassol. Eu achava tão bonito... Todo meu grupo de capoeira só me chamava assim. Criei meu primeiro e-mail na época usando o apelido e assim o título se alastrou para outros grupos. Depois, me deparei com algumas plantações de girassóis de umas cidades na chapada diamantina e fiquei abismada com toda aquela beleza e ainda mais lisonjeada por ter recebido aquela alcunha. Por fim, no início do meu terceiro ano do ensino médio, todo dia, antes de ir ao colégio, passava em frente a uma casa de um condomínio próximo ao meu, que tinha um jardim de girassóis (era fevereiro-março e eles estavam bem floridos). Assim, minha paixão por girassóis só crescia... Fazia bem estar atenta a esses seres que tem o sol como guia. Ainda nessa época, essa paixão quis se estampar na pele, e tatuei um girassol. São lindas as flores. Eu escolhi a minha musa.


Eu - Você já se olha no espelho e se sente mulher?
Ela - Sim... Ser mulher é fato. Difícil é ser a mulher que se quer, que se gosta de ser. São sempre diferentes as mulheres que me percebo no espelho. Nem todas, eu admiro. Muitas, não reconheço.


Eu - Como é ser uma jovem de 21 anos dotada de sensibilidade? Você é feliz sendo sensível?
Ela - Epa, agora eu tenho 22! Risos. E sensibilidade é uma forma de atenção. Deixar que a sensibilidade nos afogue demasiadamente em nós, é tornar-se insensível, desatento ao que nos cerca e tange. Isso é, sim, bastante intenso. É um tipo de cegueira que dilata o pouco que resta diante dos olhos e acaba sendo muito produtivo em termos artísticos. Como "felizmente" escolhi o teatro como ofício, nunca há o que lamentar. Tudo é matéria de trabalho. Mas a generosidade e liberdade do olhar em paz (a paz e todo seu silêncio são a felicidade que procuro) podem ser menos traduzíveis materialmente, mas acrescentam muito mais à alma. É aí que mora minha sensibilidade. Sim, sou feliz por ser sensível. E sou muito mais sensível quando estou feliz.


Eu - De que matéria são feitos os homens?
Ela - De uma matéria que muitíssimo me atrai, surpreende, enternece e impressiona, mas com a qual eu ainda espero aprender a misturar-me sem tanto maremoto, sem ser tão subtraída quando da separação.


Eu - O que te povoam os pensamentos quando você caminha para o ponto de ônibus?
Ela - Vixe, uma grandessíssima parte de tudo que penso, penso no ônibus. Até porque é lá que passo grande parte do eu dia. São os males (ou nesse caso restrito, quiçá, os bens) de se morar em piatã e ter todos os compromissos no centro.



Eu - Você se vê como aos 30 anos?


Ela - Mãe, com fé em deus. E mais madura, mais equilibrada, mais em paz, mais sábia, mais adiante nesses caminhos que desde muito tento trilhar.

2 comentários:

Raiça Bomfim disse...

Cada palavra que digo
Deixa-me a leve impressão
De que nunca concordo comigo

Carol Garcia disse...

Amei!! Rai é linda. E eu amo girassóis também, alías somos irmãs de girassol!

saudades das minhas amigas floridas... :)